Quem eram os publicanos na Bíblia? Essa pergunta nos transporta para o contexto sociopolítico do primeiro século, onde eles desempenhavam um papel crucial, porém controverso. Mais do que coletores de impostos, os publicanos representavam corrupção, traição e isolamento. Eles eram judeus que serviam ao Império Romano, mas, ao fazer isso, perdiam o respeito e a confiança de seus próprios compatriotas.
Entre esses publicanos, destaca-se Mateus, que deixou essa vida para seguir Jesus e se tornou um dos apóstolos e autor de um dos evangelhos. A história de Mateus é um testemunho poderoso da transformação que a graça de Deus pode operar, mesmo naqueles que a sociedade rejeita.
Neste artigo, vamos explorar quem eram os publicanos, por que eram odiados, como Jesus os enxergava e que lições suas histórias trazem para nossa vida espiritual hoje.
O que eram os publicanos na época de Jesus?
Os publicanos eram coletores de impostos que trabalhavam para o Império Romano, o que, por si só, já era motivo de desprezo entre os judeus. Esse sistema tributário era essencial para sustentar o domínio romano, mas também era abusivo e impiedoso com os povos conquistados.
Como funcionava a coleta de impostos?
O sistema de impostos era terceirizado, e os publicanos competiam por contratos para coletar tributos em regiões específicas. Após garantir o contrato, o publicano deveria recolher o valor exigido por Roma. Contudo, o sistema permitia que eles cobrassem mais do que o necessário, ficando com a diferença como lucro. Essa prática fazia dos publicanos símbolos de corrupção e ganância.
Por que os publicanos eram judeus?
Roma preferia nomear judeus para essa função em Israel porque eles conheciam bem as pessoas e os costumes locais, tornando a cobrança mais eficiente. No entanto, essa escolha os colocava em uma posição difícil, pois eram vistos como traidores que enriqueciam às custas do sofrimento do próprio povo.
Um símbolo de exploração
A associação dos publicanos com Roma os tornava alvos de ódio, mas eram suas práticas abusivas que realmente alimentavam a antipatia. Eles representavam não apenas a opressão política, mas também a exploração econômica. Por isso, na mentalidade judaica, um publicano era um pecador público, indigno de comunhão com Deus.
Por que os publicanos eram odiados?
O desprezo pelos publicanos não era apenas uma questão econômica ou política. Na cultura judaica, havia uma dimensão espiritual no ódio que sentiam por eles. Esse desprezo refletia uma visão de mundo em que justiça, pureza e lealdade eram valores sagrados. Vejamos os principais motivos por trás desse ódio:
1. Traição nacional
Ao servir ao Império Romano, os publicanos eram vistos como colaboradores de um sistema que oprimia Israel. Muitos judeus esperavam a libertação do domínio estrangeiro e viam os publicanos como obstáculos para essa esperança.
2. Corrupção e ganância
A prática de inflacionar os impostos para obter lucro pessoal tornava os publicanos símbolos de desonestidade. Eles exploravam seu próprio povo, agravando a pobreza e o sofrimento das comunidades que deveriam proteger.
3. Isolamento religioso
Na mentalidade judaica, os publicanos eram pecadores impuros, indignos de participar da vida religiosa. Eles eram frequentemente agrupados com prostitutas e outros “pecadores” em listas de pessoas consideradas espiritualmente perdidas. Essa exclusão reforçava seu isolamento social e espiritual.
A combinação desses fatores fazia dos publicanos figuras marginalizadas, mas também desesperadas por uma segunda chance, algo que Jesus veio oferecer.
Jesus e os publicanos: um encontro revolucionário
A maneira como Jesus lidava com os publicanos era revolucionária para sua época. Em um contexto onde eles eram rejeitados pela sociedade e pela religião, Jesus os enxergava de forma diferente. Ele não apenas os acolhia, mas também os transformava.
O chamado de Mateus
Mateus, um publicano, estava sentado na coletoria de impostos quando Jesus passou e disse: “Segue-me”. O evangelho de Mateus relata que ele imediatamente deixou tudo para trás e seguiu Jesus. Esse simples ato foi carregado de significado: Mateus abandonou sua vida de corrupção e conforto financeiro para buscar algo muito maior.
O banquete com publicanos e pecadores
Após seu chamado, Mateus organizou um banquete em sua casa, convidando outros publicanos e pecadores para conhecerem Jesus. Essa festa causou escândalo entre os fariseus, que questionaram como um mestre religioso poderia se associar com pessoas tão desprezíveis. A resposta de Jesus foi clara:
“Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento.”
Essa declaração subverteu a lógica religiosa da época, mostrando que o Reino de Deus é para aqueles que reconhecem sua necessidade de redenção.
Zaqueu: outro exemplo de transformação
Outro publicano notório na Bíblia é Zaqueu, cuja história está registrada em Lucas 19:1-10. Pequeno em estatura, Zaqueu subiu em uma figueira para ver Jesus passar. Sua curiosidade foi recompensada quando Jesus o chamou pelo nome e declarou que ficaria em sua casa.
A reação de Zaqueu
Esse encontro transformou a vida de Zaqueu. Ele reconheceu seus erros e se comprometeu a devolver o que havia roubado, além de dar metade de seus bens aos pobres. Jesus declarou:
“Hoje houve salvação nesta casa, porque também este é filho de Abraão.”
A história de Zaqueu é um lembrete de que ninguém está fora do alcance da graça de Deus. Sua disposição de mudar mostrou que o arrependimento genuíno leva a ações concretas.
Lições espirituais dos publicanos
A interação de Jesus com os publicanos nos ensina lições profundas sobre graça, misericórdia e inclusão. Ele desafiou os padrões sociais e religiosos, mostrando que Deus valoriza o arrependimento acima de qualquer status social ou passado.
1. A graça está disponível para todos
Jesus demonstrou que o amor de Deus não conhece limites. Mesmo aqueles que eram desprezados pela sociedade podiam encontrar perdão e uma nova vida nele.
2. Arrependimento genuíno traz transformação
Tanto Mateus quanto Zaqueu mostraram que o verdadeiro arrependimento não é apenas uma mudança interna, mas também resulta em ações externas que refletem essa transformação.
3. O perigo do orgulho espiritual
Os fariseus, que confiavam em sua própria justiça, muitas vezes não reconheciam sua necessidade de graça. Essa atitude os impedia de experimentar a alegria do perdão que os publicanos encontraram.
Reflexão final: Quem eram os publicanos na bíblia? Quem somos diante de Deus?
A história dos publicanos nos convida a examinar nossa própria vida. Será que estamos mais próximos dos fariseus, confiando em nossa justiça própria, ou dos publicanos, reconhecendo nossa necessidade de redenção? Assim como Mateus e Zaqueu, todos nós temos a oportunidade de responder ao chamado de Jesus, deixando para trás tudo o que nos separa de Deus.
Jesus nos lembra que ninguém está além do alcance de sua graça. Ele não olha para quem fomos, mas para quem podemos nos tornar. Que possamos seguir o exemplo desses publicanos transformados, aceitando o chamado de Jesus e permitindo que Ele nos transforme de dentro para fora.
“Não tenho formação ou título eclesiástico e nem estou ligada a qualquer denominação ou organização religiosa.
Apenas me reúno somente ao nome do Senhor Jesus fora do sistema denominacional”.